Delírio
Desta vez, veio do nada. Não tinha sono, pois havia dormido muito na última noite. Assistia “Os Simpsons” na televisão, enquanto sorvia um chimarrão recém feito. Uma voz ao fundo chamava o seu nome, enquanto sentia uma vontade enorme de fechar os olhos, como se fosse desmaiar…mas resistiu. Procurou movimentar-se, levantar do sofá, concentrar-se no desenho animado.
Novo conflito: o desenho emocionou. E a voz soava mais alta. Observou que a sua mão tremia de leve. E, o mais estranho: era uma sensação boa. Como se pudesse morrer em um simples piscar de olhos, e morrer fosse uma coisa tão boa e alegre quanto tomar um banho frio no verão. E, por mais estúpido que isso pareça, sentia a carne de seu corpo ficar levemente mais fria, a temperatura do corpo diminuindo. Era quase um desmaio.
“Estou morrendo?”, perguntou a si mesma. Bobagem! Não é assim que se morre, a voz respondeu. “Mas como é que se morre então?”, perguntou para a voz. Não obteve resposta, apenas um sorriso. Sim, o sorriso estava tão próximo de seu rosto que era possível sentir o cheiro daquela pele macia que conhecia tão bem. Quanto tempo fazia que não o tocava? Talvez alguns meses… Que importa?
Naquele momento, queria apenas saber o motivo daquela sensação estranha. Fazia um calor desgraçado, estava tomando o chimarrão que era quente, mas sentia sua pele gelando aos poucos…e aquela voz martelando ao fundo da sua mente, cada vez mais intensa, lhe chamando. Seu corpo todo tremia. Precisou fazer um esforço muito grande para não fechar os olhos. Sabia que se os fechasse, perderia o controle de si. Cairia no abismo construído por seus delírios.
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