Num átimo
E quem pode explicar uma saudade. Num átimo ela deixa de ser aquele olhar distante para transformar-se num sentimento inconformado de ausência, onde nada mais queremos do que a pessoa que nos falta bem ali, ao alcance do nosso abraço.
A sensação de impotência diante do fato de não podermos acabar com a saudade naquele exato instante é deseperador, capaz de destruir um sorriso. O corpo todo treme, não se sustenta e ansia o calor daquele alguém, que talvez nem esteja a pensar em você naquele mesmo instante. Eis a dor da dúvida.
Mas sentir saudade quando se está prestes a ver o ser amado é mesmo saudade? Não, definitivamente não. O tremer interno desta hora é o medo de que aquela realidade tão feliz que estamos prestes a tocar, seja apenas um sonho.
Sim, o medo. Medo de acordar e não ter quem amamos do nosso lado. Medo de que esta pessoa não exista se não em nossos pensamentos, e que belos pensamentos! Medo de que num piscar de olhos vá chegar ao local do encontro e você não esteja lá, como sempre fez.
Mas é só medo que deixou de ser saudade. E esta que está prestes a deixar de existir, porque agora vou grudar em você. Para que você nunca mais me deixe sentir medo.
Janina Stasiak, 31/08/2007, para Digo
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