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Resenha – A estética do frio, de Vítor Ramil

11 junho, 2012 , 1 Janina Stasiak

Nada caracteriza tanto o Rio Grande do Sul em relação aos outros estados do Brasil do que o frio que invade todos os anos (e os ossos) esta região bem ao sul de um país associado à tropicalidade. O frio é a principal diferença entre o ser gaúcho e ser brasileiro, conforme destaca Vítor Ramil em seu artigo, posteriormente publicado em livro A Estética do Frio. O texto foi apresentado originalmente na conferência de Genebra no ano de 2003, Suíça, que abordou o tema Porto Alegre, un autré Brésil, durante, vejam só, a primavera europeia.

No início, Vítor Ramil sintetiza alguns fatores essenciais da história do Rio Grande do Sul, elementos formadores da essência do rio-grandense: a condição de fronteira com a Argentina e o Uruguai; o contato com a língua espanhola; a imigração europeia; as guerras e revoluções. Um carnaval fora de época provocou um despertar sobre as diferenças em relação ao resto do país. O separatismo de que tanto se falou no RS nos anos 90, existe mais por identidade do que por política.

O frio foi o responsável por definir a formação do RS como estado; com tanto campo e tão pouca gente, o que se fazia era criar gado. Este horizonto “solito” formou em muitos um caráter introspectivo. A milonga é um reflexo do sentimento enrijecido e duro de ver a vida e mirar o pampa. Ser gaúcho, ser fronteira e “pelear” nunca foi fácil, não existem motivos para ser alegre. Foi o frio do sul, o sopro medonho do vento Minuano que determinou essa cultura, esses hábitos e economia. É o frio que caracteriza o extremo sul da América do Sul, emoldurando as características do gaúcho, independente de existirem fronteiras. Por isso a milonga e o frio retratam tão bem esta estética de gelo.