Tiquetaquear do tempo
Pretensamente, a entrego a este local sagrado de expressão do louco que vive em mim.
Agradecimento especial à Ferreira Gullar que cedeu os seis primeiros versos, em um site para que terminasse esse elogio ao tempo.
Tiquetaquear do tempo
Como se o tempo
durante a noite
ficasse parado junto
com a escuridão e o cisco
debaixo dos móveis e
nos cantos da casa.
Lembro bem
ver ele correndo
Qual moleque
atrás da pipa.
Mas é somente
durante o dia
E na sombra morta
da meia luz da sala
Nada se move,
a não ser os olhos.
Como se a espera
fosse a dúvida
Do tempo que não passa.
Ponteiros no relógio estacionados
Relógio é vida
que não envelhece
Para ele, o tempo é tiquetaquear
Infinitamente.
O que fazem as horas serem iguais?
Ah, o tempo que não passa
Enquanto é noite
Faz crer na imortalidade da alma.
Viver, é tiquetaquear
O tempo é ilusão
Ele não passa, vagueia
E o tiquetaquear das horas é música
Qual compasso de coração
A espera do tempo.
Nina, 17/01/2006