Cura pelos Clássicos de Ficção: Memórias Póstumas de Brás Cubas
Não poderia começar esta serie se não pelo meu clássico brasileiro favorito de todos os tempos, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Primeiro post crônica de livro da serie Cura pelos Clássicos de Ficção!
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Desconheço a data precisa em que li Memórias Póstumas de Brás Cubas pela primeira vez, e tenho quase certeza de que você também. Porém foi com facilidade que decorei a infame epígrafe do autor-defunto, e sou capaz de replicá-la na minha própria tumba.
Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis
Brincadeira, é óbvio que eu não vou fazer isso. Aqui quis apenas inserir uma informação dramática e com qualquer coisa de tragicômica, assim como Machado de Assis fez nessa obra. Só que fique claro que ele sempre foi brilhante. Se algum dia chegar aos pés dele, serei a pessoa mais honrada desse mundo.
Publicado originalmente em formato de folhetim entre março e dezembro de 1881 pela Revista Brasileira, Memórias Póstumas de Brás Cubas é opção de leitura breve e divertida para quem quer conhecer o essencial da literatura brasileira. E sempre figura nas listas de leituras obrigatórias do Ensino Médio e graduação em Letras, por ser o romance que inaugurou o realismo brasileiro.
Toda a trama deste livro é baseado na ideia de que quem escreve já está morto, por isso são Memórias Póstumas. Começa narrando a vida do personagem Brás Cubas pelo seu fim, mas mais do que uma biografia, aqui me prendo naquilo que me fez morrer de amores por este livro: a causa mortis. E aqui vos deixo com meus delírios.
Uma ideia fixa
Já no alto dos seus 64 anos, Brás Cubas teve a ideia de criar um emplasto anti hipocondríaco, destinado a aliviar a melancolia. Mesmo antes de efetivamente dar vida a ideia, sonhava com a glória por ter criado algo genial, sabendo que que isso seria a perdição de sua própria alma.
E foi aqui, senhoras e senhores, que me rendi a Machado de Assis, ad infinitum. Exatamente quando ele fala comigo (leitora), deixando o recado mais importante de toda esta obra, e do qual eu nunca consegui me desvencilhar. “Deus te livre leitor, de uma ideia fixa”.
Se você já teve uma ideia fixa, sabe bem do que estou falando. Eu tenho muitas, já me desfiz de várias delas, e por isso consigo estar aqui para te contar sobre este livro. E não terei o mesmo fim de Brás Cubas, que morreu por uma delas. Mas até quando vou conseguir manter distância de uma ideia fixa? Não cabe a este momento divagar sobre minha hora derradeira.
Deixando de lado as preocupações dos vivos sobre a morte, o grande argumento para o “romance realista” que será narrado após a morte, está na sinceridade do morto narrador. Sem precisar se preocupar as convenções sociais para com quem ainda está vivo, Machado usa esse argumento para nos jogar verdades.
E de uma forma tão livre que nos diverte e até nos faz, por vezes, desejar ser arrebatado por uma ideia fixa que nos mate. E o faz de forma tão genial que realmente parece que ele está conversando com quem o lê. É como se se o leitor fosse o seu confidente. Inspirador, divertido, provocador e ao mesmo tempo, fantástico.
E a proposta da cura pelos clássicos de ficção é a minha nova ideia fixa. Pois aqui também trabalhamos em busca do remédio para curar almas, com recomendações em doses homeopáticas de leitura.
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A obra completa de Machado de Assis, assim como o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas está disponível para download na página do MEC chamada Domínio Público.
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