O preço dos livros: estão ou sempre foram caros?
Breve análise sobre o preço dos livros: uma comparação entre os valores atuais e os de antigamente.
Dia desses conversava com uma amiga sobre o preço dos livros: na opinião dela estão mais caros, na minha (que sou 12 anos mais velha) eles sempre foram caros. (Beijo Rapha!) Digo isso porque apesar de ter escolhido este objeto como foco da minha formação profissional, nunca tive acesso fácil aos mesmos. Pelo menos aos pagos.
Desde que fui alfabetizada aos 6 anos, tive o hábito de frequentar bibliotecas públicas e escolares. Lia todo tipo de ficção que estivesse ao meu alcance – e bem por isso li livros como os famosos romances Sabrina, até tudo o que Paulo Coelho tinha lançado durante a minha adolescência.
E na verdade nunca tomei conhecimento do preço dos livros: sabia apenas que adquirir os mesmos não caberia ao nosso orçamento familiar (e eu bem concordava que era preferível ter comida na mesa do que ler de estômago vazio). Os livros didáticos que usei sempre foram os dados pelo governo, uma vez que sempre estudei em escolas públicas. Alguns, compramos usados de anos anteriores.
Mas essa noção surgiu quando estava na faculdade de Letras. Em uma feira do livro realizada no campus universitário, comprei meu primeiro livro aos 20 anos: uma edição simples do livro de contos “Feliz Ano Novo”, de um dos meus escritores brasileiros favoritos, Rubem Fonseca. Paguei 1 real na época, simplesmente porque não tinha condições de comprar mais nada.
Foi mais tarde e já trabalhando em tempo integral que comecei a comprar os livros que precisava usar na faculdade, assim como comecei a ganhar alguns do marido. Até hoje ele foi a única pessoa que me deu livros de presente, provando de que o fato de mesmo você sendo estudante da arte da escrita, ela ainda é pouco valorizada no Brasil.
Mas as maiores compras de livros vieram a partir do momento em que comecei a trabalhar diretamente com este objeto que me é tão precioso. Trabalhei em feiras do livro, em um sebo…e em duas editoras. O que me torna apta a afirmar aqui que o preço dos livros sempre foi alto. E na sequência, trago alguns pontos relevantes sobre tal observação.
O preço dos livros sempre foi alto
Reflexões e realidades desse mercado quase de luxo que é o dos livros.
- Se você ler qualquer romance histórico, vai perceber que os livros eram objetos disponíveis apenas para as camadas mais ricas da sociedade, principalmente porque eram os únicos que sabiam ler e escrever;
- Em tempos difíceis, livro acaba sendo algo não essencial, e isso de certa forma eleva o objeto ao status de artigo de luxo;
- Uma vez que se conhece o mercado trabalhando com a produção livreira, sabe-se que o custo de publicação é alto, o que eleva o preço dos livros. Pense em um livro com tiragem inicial de 1500 exemplares para a primeira edição. Uma edição de 1500 livros. Esta edição tem que pagar o trabalho do escritor, do revisor, do editor, a edição propriamente dita (isso inclui capa e diagramação de cada página), a distribuição e a margem de lucro do vendedor e do editor. E isso é o básico, e que é meio que óbvio para os leitores mais ávidos.
- Outros fatores que precisam ser considerados na hora da compra de um livro (e que encarecem os mesmos): lançamentos, edições especiais e comemorativas, capas elaboradas, material de melhor qualidade e edição física: todos estes elementos tornam o preço dos livros mais altos. Se você quer continuar comprando e não pagar caro, desconsidere estes quesitos.
- Se quiser continuar lendo mas não gastar muito (ou quase nada) com livros, sugiro buscar por bibliotecas públicas, livrarias de usados (os tradicionais sebos) ou o acesso aos clássicos já sem direitos autorais como os do Projeto Gutenberg.
- Mesmo que você não tenha um dispositivo específico para leitura de livros como o Kindle, é possível baixar gratuitamente o app da Amazon e ler pelo celular. Abaixo, confira as ofertas e livros grátis de e-books na Amazon do Brasil:
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