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Rezar para acariciar a alma

Em uma certa época da minha vida, aprendi que rezar acalmava. Sempre que estava nervosa, rezava incessantemente para ficar melhor. E sempre funcionava.

Ontem, adormeci rezando. Mesmo não dormindo tanto quanto precisava, consegui não ter sonhos ruins. Agora à tarde, para vir ao trabalho, fiz um caminho diferente, para não ver as mesmas pessoas que sempre encontro no caminho, já que hoje não poderia dar um bom dia tão sorridente quanto o normal.

Fiz um caminho diferente também para não ter que passar por alguns botecos apinhados de gente que não tem nada para fazer, interrompendo o trânsito que deveria ser livre nas calçadas. Encontrei somente crianças indo para a escola, e isso é bem melhor.

Vinha rezando, queria um abraço, mesmo que fosse imaginário, do meu anjo da guarda, que era para quem eu rezava. Passei por uma casa e ouvi um piano que tocava. Tocava uma música triste, a mesma do pianista suicida do livro “Incidente em Antares”, numa minissérie filmada pela Globo.

A música era triste, e foi-se a calma que eu tinha conquistado pela reza. Tem dias em que não há o que se possa fazer, além de rezar para pedir alento.

Nina, 05/06/2006

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