Se eu morresse agora…
Não importa o que disser ou fizer, no final estamos sempre sós. Se neste momento for citar alguém, cairei em contradição, pois estarei sendo eu e minhas leituras, meus livros, não eu unicamente. Não importa que esteja plagiando alguém, pois é assim que serei apenas eu, despejando palavras na tentativa de acabar com a sensação aterradora de ser só, apesar de tantos com quem cruzo todos os dias.
Caminhava sem me dar conta do caminho, e soprava tão forte para não chorar que fiquei sem ar. E se esse mundo que entendo por vida acabasse agora? Viria o nada eu sei, e meu corpo estaria já finado na calçada, à espera de alguém que não se fizesse de rogado e tomasse as devidas providências. Pois sim, que até perante à morte alguns ignoram o que vêem. Por certo receberia visita da polícia que vi na ida, e findaria o grande caminho que é estar vivo sem nunca saber o que investigavam em uma casa de festas infantis pela qual passei à pouco.
Por fim, apesar de ainda só e do frio que fazia, suava, talvez por tristeza em saber que quando se está só, fica mais difícil aquecer a cama. A cama que se nesta hora estivesse morta, jamais retornaria. O que sobrou do caminho foi a dor de cabeça latejante, insistente, seguida da náusea, apesar do comprimido que tomei. Se morta, o que deixaria por aqui? Que de grandioso eu fiz para ser lembrada? Até este momento que eu saiba, nada. Nem uma semente para contar minha história, que por hora só interessa a mim mesma. A pitangueira que plantei em criança também fenecerá sem saber quem lhe deu a vida.
Se céu existisse e para lá fosse, o que ouviria de São Pedro, grande canastrão do universo? Diria em minha defesa apenas que, apesar de ter errado muito, de não ter dado grandes contribuições à humanidade, amei com todas as minhas forças, independente de ter sido correspondida, isso foi sempre a única coisa que soube fazer. Que se dane se no fim das contas eu errei o caminho.
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