Cura pelos Clássicos de Ficção: Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
E vamos para a segunda review de romance distópico, desta vez é do livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.
Décimo post crônica da serie Cura pelos Clássicos de Ficção.
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Admirável Mundo Novo é um romance distópico do autor britânico Aldous Huxley, escrito em 1931 e publicado em 1932. Em grande parte ambientado em um “Estado Mundial futurista”, habitado por cidadãos geneticamente modificados e uma hierarquia social baseada em inteligência.
O romance antecipa enormes avanços científicos na área reprodutiva, e se você conhece minimamente sobre o assunto, ficará um tanto quanto impressionado. Além da tecnologia genética muito similar ao que já se usa atualmente, fala de aprendizagem durante o sono, manipulação psicológica e condicionamento clássico. Tudo isso combinado para formar uma sociedade distópica que é desafiada por um único indivíduo: o protagonista da história, Bernard Marx.
Pode-se dizer que Admirável Mundo Novo é o precursor de outros romances distópicos como 1984 de George Orwell (que já recebeu crônica aqui) e da ficção científica em geral. Escrito entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o auge de uma era de otimismo tecnológico no Ocidente. Huxley pegou esse otimismo e criou o mundo distópico em seu romance para criticá-lo. Muito da ansiedade que impulsiona este livro pode ser atribuída a uma crença generalizada na tecnologia como um remédio para problemas causados por doenças e guerras.
A vida de Huxley foi cercada de ciência, algo que provavelmente o ajudou a produzir Admirável Mundo Novo com intensa descrição científica sobre reprodução humana. Seu avô (Thomas Henry Huxley) era um biólogo proeminente e um dos primeiros defensores de Darwin e sua teoria da evolução. Seus irmãos também se tornaram cientistas. Aldous também esperava seguir carreira nas ciências, mas uma doença o deixou parcialmente cego quando adolescente e, portanto, incapaz de continuar seu caminho científico.
Após este resumo e o contexto, hora de seguir com a minha review!
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Medo e agonia em Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
Pela primeira vez na minha vida, reler um livro foi mais difícil do que ler pela primeira vez. Lembro que quando o fiz em 2010, considerei uma leitura bem curiosa, que fluiu muito rápido e que finalizei bem antes do esperado. Mas existe um motivo para a segunda leitura ter me trazido uma certa angústia.
Antes porém, quero versar sobre o motivo pelo qual eu acho que cada leitura de um mesmo livro, nos apresenta um livro novo. O contexto, o ambiente e nossa mentalidade sempre são únicos do momento em que lemos algo, e nossas impressões sobre um mesmo texto, estão ligados ao momento que lemos. É uma nova experiência e mesmo lembrando muito do que li em Admirável Mundo Novo lá em 2010, já me soa completamente diferente nesta leitura de 2021.
E ao contrário do que na experiência anterior, desta vez ao invés de instigar minha curiosidade, a obra mais conhecida de Aldous Huxley me causou medo e me deixou um tanto angustiada. Assim como em 1984 de Orwell, a similaridade com o momento que vivemos atualmente me assustou, tornando a essa leitura muito mais difícil de digerir.
O livro tem uma introdução bem cansativa, onde o autor demora-se na descrição do processo de reprodução desse “Brave New World”, mas sei que é um começo importante para apresentar os personagens. Nesta sociedade apresentada por Huxley, as emoções e a individualidade são condicionadas quando todos ainda são crianças, e não existem relações duradouras porque “cada um pertence a cada um” (um ditado comum do Estado Mundial).
Em Admirável Mundo Novo temos uma sociedade que não pode ter sentimentos – há um momento no livro em que um personagem surta ao ser chamado de pai – onde não existe família e os seres humanos são fabricados para servirem a determinadas categorias. E por mais que seja apenas ficção, não me apetece viver em um mundo assim e nos resta fazer o nosso melhor para que isso realmente não aconteça no futuro.
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