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João-de-barro

Quando eu era pequena, lembro que uma das coisas que me distraía quando viajávamos era contar as casinhas de João-de-barro que perfilafam-se em postes no formato de cruz, às margens da estrada. Eram tantas…a impressão que eu tinha é que em cada poste tinha uma, como se fizesse parte do cenário.

O tempo passou e outras distrações de viagem vieram. Estrelas, o pôr-do-sol, verdes campos, estradas esburacadas…Até que as viagens tornaram-se constantes, quase que semanais e novamente comecei a reparar as casinhas do pássaro.

E me intrigou o fato de que elas diminuíram em número, consideravelmente. Observando um pouco mais, descobri que os postes utilizados agora, de concreto, não tinham mais o formato de cruz que permitia o suporte para as casas de barro. E, ingenuamente, indaguei sozinha: ” – Onde eles vão fazer suas casinhas agora?”

Andei alguns quilômetros mais preocupada com o avanço da tecnologia, e achando que isso poderia ser o fim do pássaro por quem sempre tive um carinho velado, quando concluí o óbvio. Que eles agora, voltariam a fazer ninhos onde sempre fizeram, na mata, e não simpáticamente no suporte feito pelo homem. O que eu acho que é bem mais seguro. Salvo nossos olhos não são mais tão brindados com singela visão da simplória, porém admirada construção de barro.

Janina, 11/05/2007

João-de-barro

O joão-de-barro (Brasil) ou forneiro (Portugal) (Furnarius rufus) é uma ave Passeriforme da família Furnariidae. É conhecido por seu característico ninho de barro em forma de forno (característica compartilhada com muitas espécies dessa família).

Fonte: Wikipedia

 Lenda do João-de-barroContam os índios que, há muito tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza. Melhor dizendo: apaixonaram-se. Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento. O pai dela perguntou:

– Que provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da tribo?

– As provas do meu amor! – respondeu o jovem.

O velho gostou da resposta mas achou o jovem atrevido. Então disse:

– O último pretendente de minha fila falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.

– Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei.

Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova.

Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo para seu amor. O tempo foi passando. Certa manhã, a filha pediu ao pai:

– Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer.

O velho respondeu:

– Ele é arrogante. Falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece.

E esperou até até a última hora do novo dia. Então ordenou:

– Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.

Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seu olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Todos se espantaram. E ficaram mais espantados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro!

E exatamente naquele momento, os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um pássaro. E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta onde desapareceu para sempre

Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro.

A prova do grande amor que uniu esses dois jovens está no cuidado com que constroem sua casa e protegem os filhotes. E os homens amam o joão-de-barro porque lembram da força de Jaebé, uma força que vinha do amor e foi maior que a morte.

Origem: Livro \”Moça Lua e outras lendas\” de Walmir Ayala. Ediouro.

Editado por Roberto Cohen em 18/12/2003.

Fonte: www.páginadogaucho.com.br

 

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