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O retorno do estilo Indie Sleaze

Para entender as novas tendências de moda, uma breve explicação sobre Indie Sleaze.

O estilo indie – o fenômeno cultural do final dos anos 2000 até o início dos anos 2010, decorrente do gênero musical de mesmo nome – está voltando. Conhecido como Indie Sleaze, o visual atualizado é uma mistura bagunçada de grunge dos anos 90 e opulência dos anos 80, com um tom levemente erótico. Finalizado com uma visão quase pretensiosa do estilo retrô.

No auge do indie, Kate Moss, Sienna Miller, Alexa Chung, Sky Ferreira, Alice Dellal, Agyness Deyn e Irina Lazareanu estavam todas acenando para a tendência. Mas nada resume melhor a estética do que Mary-Kate Olsen vestindo uma camisa xadrez oversized, meia-calça rasgada, botas e maquiagem pesada. 

Em um avanço rápido para o momento atual, podemos perceber com apenas uma rápida rolagem pelas mídias sociais e parece que todo mundo está ansiando por um retorno dessa estética. O termo indie sleaze foi cunhado no final do ano passado, mas a tendência vem se formando há algum tempo graças a certos diretores de criação. 

A passagem de Hedi Slimane na Saint Laurent envolveu peças que poderiam facilmente entrar no guarda-roupa de qualquer entusiasta indie sleaze – de cardigãs de malha desgrenhados, camisas xadrez grandes usadas como vestidos e seu jeans skinny exclusivo. A reformulação da Gucci de Alessandro Michele também vem com peças inspiradas em modelagens antigas que podem ser vistas como indie.

Indie Sleaze, além da roupa

Mas é importante trazer aqui o fato de que muito do apelo do indie sleaze é bastante direto e óbvio. O atual renascimento do estilo atingiu seu apogeu, tornando a década de 2010 o próximo destino natural para o ciclo de tendências nostálgicas. Além disso, seu semblante confuso e caótico serve como uma rejeição discernível da estética “milenial” sem o atrito que dominou a década anterior.

De certa forma, indie sleaze não é sobre um desejo desesperado de festejar agora por conta do tempo enclausurado por causa da pandemia, mas sim a nostalgia por um mundo em que você ainda pode viver barato com basicamente nada. A estética também parece um repúdio direto ao metaverso, que Mark Zuckerberg está anunciando como o próximo estágio do desenvolvimento humano. Se acreditarmos nele, o futuro da humanidade envolve sentar-se sozinho em uma sala usando um fone de ouvido gigante e “interagir” com o mundo por meio de uma interface totalmente virtual. 

De acordo com o The New York Times , “o metaverso se tornará mais um cobertor sufocante de tecnologia, distanciando os humanos uns dos outros e dos prazeres sensoriais da vida real”. Indie sleaze diz: “Foda-se”, e sai de casa sem celular para ver um show barulhento no porão de alguém. Encoraja seus seguidores a experimentar o mundo como era antes das coisas se tornassem completamente insustentáveis, antes que a exaustão e a desesperança se tornassem parte mecânica da condição humana.

Não faz sentido posicionar o indie sleaze como um momento mais “inocente” da história, mas representa uma forma de resistência contra a direção em que o mundo está indo.

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