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Book review: Herdeiras do Mar, de Mary Lynn Bracht

Este livro está na minha fila de leituras, mas enquanto eu não leio, deixo aqui a resenha da minha amiga Raphaella Parente Borges Brandão – que leu e amou!

Bora para mais uma book review, desta vez com uma colaboração mais que especial, pois a Rapha além de minha amiga é leitora voraz e ótima para indicar livros!

Book review: Herdeiras do Mar, de Mary Lynn Bracht

Que leitura impactante! Eu amo livros que trazem uma história que prende a atenção e ao mesmo tempo ensina sobre um povo, costumes e fatos históricos e Herdeiras do Mar é exatamente isso e eu tenho muito a falar sobre ele!

A mensagem principal do livro é trazer à luz a inimaginável e terrível história das “mulheres de consolo” da Coreia do Sul, levadas de seus lares durante a Segunda Guerra Mundial para “servir” aos japoneses em bordéis na China. Essas mulheres eram estupradas 6 dias por semana, 10 horas por dia, o que equivalia a cerca de 20 soldados.

Uma história tão triste e apavorante de se ler, que foi incorporada na personagem Hana, sequestrada aos 16 anos e levada para Manchúria, onde sua inocência seria arrancada de forma cruel e desumana. Antes de ser levada, Hana era uma Haenyeo como sua mãe. Essas mulheres vivem na ilha de Jeju (hoje com idade entre 60 e 90 anos), são mulheres fortes e independentes que por gerações, rejeitam o patriarcado e mantém seu grupo matriarca, mas a caminho da extinção, pois as novas gerações não mantém a tradição de dar continuidade à pratica e seu trabalho é nada mais, nada menos do que mergulhar quase que diariamente, cerca de 15 metros de profundidade em mar aberto, sem equipamentos profissionais, apenas com roupas normais e um óculos simples de proteção para coletar frutos do mar.

Eu amei que o livro usou a história das Haenyeo como base, pois eu já havia me apegado à elas depois de ver o Dorama Our Blues (e já deixo aqui a recomendação e por toda essa admiração e um “Q” bem peculiar). Após a leitura assisti também ao documentário “Haenyeo, a força do mar” de Luciano Candisani disponível no YouTube, claro, recomendadíssimo!

Voltando a história de guerra, calcula-se que cerca de 200 mil coreanas tenham sido levadas pelos japoneses, sendo que poucas retornaram a seus lares e ainda essas que retornaram, voltaram em vergonha extrema, pois a sociedade coreana era na época extremamente patriarcal de ideologia confuciana, onde a pureza sexual da mulher era de suma importância, ou seja, além de todo o sofrimento sofrido sem escolha, os parentes não deram acolhimento para essas vítimas. Apenas 14 delas ainda estão vivas.

Em 1991 a primeira vítima veio a público, o que encorajou outras a falar, e desde 1994, sobreviventes e ativistas protestam todas as quartas-feiras em frente ao consulado japonês na Coreia do Sul pedindo reparação pelos crimes de guerra do Japão à essas mulheres. Pois até hoje o país não assumiu a responsabilidade pelo ocorrido e por vezes suas autoridades deram declarações absurdas de desdém ao fato, enfurecendo ainda mais as vítimas de tamanha monstruosidade.

Se eu fosse falar tudo sobre esse livro, o texto ficaria maior do que já está de tanto conteúdo que as suas 300 páginas trazem… Então incentivo a leitura dessa obra.

E fica aqui a reflexão: sabemos que os homens perdem suas vidas nas guerras, o que já é horrível, mas pouco ou nada se falam nas torturas, abusos e violações às mulheres.

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Para assistir o documentário mencionado no texto, aperta o play!

2 thoughts on “Book review: Herdeiras do Mar, de Mary Lynn Bracht
  • Raphaella Brandão disse:

    Que honra ganhar um espacinho nesse Blog tão rico de informações da minha amiga querida, Nina! Espero agregar na lista de leitura dos leitores do seu blog, amiga! Te admiro s2

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