Mitologia #10: Baco (Dionísio)
Seguindo com os posts com perfil de deuses da mitologia greco-romana, hoje trago o perfil de Baco (Dionísio para os gregos), deus do vinho e da fertilidade.
Baco para os romanos – Dionísio para os gregos, era o deus da fertilidade e do vinho, mais tarde considerado um patrono das artes. Criou o vinho e difundiu a arte da viticultura. Tinha uma natureza dupla; por um lado, emanava a alegria e êxtase divino (provocados pela bebida). Por outro emanava uma raiva brutal e ofuscante, refletindo assim a natureza dual do vinho.
Muitos autores não o incluem na lista dos deuses olímpicos (Hades, entra em seu lugar) mas eu gosto de colocá-lo ao lado dos principais, assim como sempre fizeram os romanos. Apesar de seu culto ser tradicionalmente feito ao ar livre e bosques, ainda é possível encontrar alguns vestígios de templos construídos em honra ao deus Baco, como o de Baalbek no Líbano (fotos abaixo).
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Mitologia #10: Baco (Dionísio)
Nascimento de Dionísio
Baco era filho de Júpiter, o único deus com uma mãe mortal – Semele, a princesa tebana filha de Cadmo. Júpiter foi até Semele à noite, de um modo invisível aos olhos humanos, mas podia ser sentido como uma presença divina. Semele estava satisfeita por ser amante de um deus, embora não soubesse qual.
A notícia logo se espalhou e Juno – a esposa traída de Júpiter – rapidamente assumiu quem era o responsável. Ela foi até a princesa tebana sob a aparência de Beroe e a convenceu de que deveria ver seu amante como ele realmente era. Semele seguiu esse pérfido conselho e Júpiter, depois de muito resistir, concordou e apareceu em meio a raios e relâmpagos.
Júpiter estava infeliz sabendo o que estava prestes a acontecer, mas obrigado por um juramento, que fez para a amante, apareceu em sua verdadeira forma; Semele foi instantaneamente queimada pela visão de sua glória. O deus conseguiu resgatar o feto de Baco e o costurou em sua coxa até que ele estivesse pronto para nascer. Nascer da pele de seu próprio pai tornou ele em um imortal.
Criado pelas Ninfas e o amor por Ariadne
Hera (Juno), ainda com ciúmes da infidelidade de Zeus (Júpiter) e do fato de Dionísio (Baco) estar vivo, providenciou para que os Titãs o matassem. Os Titãs o rasgaram em pedaços; no entanto, Rhea o trouxe de volta à vida. Depois disso, Júpiter tratou de sua proteção e o deu às ninfas da montanha para ser criado por elas.
Baco apaixonou-se por Ariadne quando a viu vagando na costa da ilha de Naxos (onde Teseu a abandonou depois de matar o Minotauro). Eles tiveram um casamento feliz e Ariadne deu à luz filhos famosos de Baco, incluindo Enopion, Staphylus e Thoas.
O culto de Baco
Baco vagou pelo mundo ativamente espalhando seu culto. Ele estava sempre acompanhado pelas Maenads (também conhecidas com as Bacantes), ninfas, pastores e até mesmo o deus Pã. Todos geralmente representados com uma coroa de hera, taças de vinho e cachos de uva. Baco também ‘muitas vezes representado com chifres, que eram considerados símbolos de poder. Com aparência jovem e festiva, portando uma taça em formato de chifre ou um cacho de uvas, além de um manto púrpura.
Enquanto outros deuses tinham templos para serem adorados, os seguidores de Baco o adoravam na floresta. Lá era possível entrar em um estado de êxtase e loucura, comendo cru qualquer animal que encontrassem. Mesmo assim, alguns templos foram erigidos em sua honra, como o Templo de Baco em Baalbek no Líbano, mencionado anteriormente.
Baco também foi um dos poucos personagens da mitologia greco-romana capazes de trazer uma pessoa morta de volta do submundo . Embora nunca tivesse visto Semele, sua mãe, estava preocupado com ela. Eventualmente, ele viajou para o submundo para encontrá-la. Enfrentou Thanatos e a trouxe de volta ao Monte Olimpo.
Conceitos-base de Baco
Baco tornou-se um dos deuses mais importantes da vida cotidiana da Grécia e Roma antiga, e foi associado a vários conceitos-chave. Um era o renascimento após a morte; seu desmembramento pelos Titãs e seu retorno à vida ecoaram simbolicamente na viticultura, onde as videiras devem ser podadas bruscamente e depois adormecidas no inverno para dar frutos.
Outro conceito era que, sob a influência do vinho, podia-se sentir possuído por um poder maior. Ao contrário de outros deuses, Baco não era apenas um deus a ser adorado, mas também estava presente em seus seguidores; naqueles tempos, um homem possuía poderes sobrenaturais e era capaz de fazer coisas que não seria capaz de fazer de outra forma.
O festival do Deus do Vinho
O festival de Dionísio era realizado na primavera, quando as videiras começavam a dar folhas. Tornou-se um dos eventos mais importantes do ano e seu foco principal foi o teatro. A maioria das grandes peças gregas foi inicialmente escrita para ser apresentada na festa do Deus do vinho. Todos os participantes, escritores, atores, espectadores, eram considerados servos sagrados de Dionísio durante o festival.
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Fotos: arquivo pessoal e Pinterest.
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